MURI, em japonês do dia-dia, significa: impossível de se fazer ou é uma atividade irracional ou é uma tarefa insuportável.
Em determinados momentos ou situações é utilizado ou aplicado para dizer que é algo que irá violar as leis da física, ou que é socialmente inadequado ou inoportuno.
Quando há Muri em um processo ou atividade ou trabalho, isso significa que as pessoas estão trabalhando extenuadas, o que pode resultar em produtos defeituosos, falta de produtividade, esgotamento físico e mental, lesões por esforços repetitivo, ou até mesmo acidentes.
No Modelo Toyota, toda e qualquer atividade não pode e não deve ser extenuante e, além disso, não pode ser repetitiva. As pessoas não devem trabalhar com mais esforço, mas sim ter tarefas e/ou atividades fáceis de fazer.
Quando eliminamos o Muri das tarefas ou processos significa que tornamos o processo humanamente sustentável, de tal forma que uma pessoa pode trabalhar bem durante todo o seu turno de trabalho, podendo ser um jovem ou um sênior, um homem ou uma mulher.
Quando você observa uma fábrica com os conceitos Kaizen-LEAN, você não vê operadores desgastados fisicamente. Em vez disso, você vê pessoas trabalhando de forma constante, uniforme e balanceada, a um ritmo sustentável, em trabalhos que são cuidadosamente organizados para ter alta eficácia e eficiência.
A forma ideal de eliminação do Muri é a aplicação do conceito Kaizen-LEAN chamado de Low Cost Automation. São dispositivos introduzidos na Toyota no final da década de 80 e consagrados nos anos 90. Visa remover a necessidade dos operadores fazerem esforços desnecessários, aumentando a sua produtividade e qualidade dos produtos.
Observando diretamente no Gemba, como você pode identificar facilmente que um operador está sobrecarregado?
Uma abordagem sistemática é usar o modelo Toyota’s Verification of Assembly Line (TVAL) quando os operadores estão trabalhando, analisando o peso que eles têm que levar ou levantar e o tempo eles têm que carregá-lo. Isto faz com que você concentre-se nas tarefas com maior índice TVAL, procurando melhorar esses postos de trabalho.
Depois de saber que posto de trabalho e qual a tarefa deve-se melhorar, devemos gravar em vídeo da operação e analisá-la juntamente com os operadores para identificar maneiras de tornar as atividades mais fáceis ou, então, dividi-las em pequenas tarefas, para que possam ser modificadas aplicando os conceitos do Low Cost Automation (LCA).
Low Cost Automation não é automatizar os processos com equipamentos de custo baixo ou comprados de “segunda mão”. Mas sim, analisar a forma como estamos fazendo o trabalho e estudá-lo de forma a substituir tarefas extenuantes, aplicando-se o conceito do “Karakuri”.
Na tabela abaixo, mostramos os Níveis de Automação e por qual Tipo de Operação se deve priorizar a automação – Metodologia Jidoka para uso de soluções automáticas:
Algumas dicas para aplicação do Low Cost Automation:
- Usar mecanismos simples explorando as leis da natureza (Karakuri)
- Uso da gravidade (ejetores, rollers, mecanismos)
- Uso de forças naturais de balanceamento (contra pesos);
- Uso de soluções de fluxo (AGV’s simples, bases rolantes, mesas com rodas).
- Usar dimensões reduzidas (objetivo é reduzir o muda de movimentação)
- Miniaturização (redução do tamanho e do peso);
- Aproximação (redução da distância percorrida).
- Máquinas Automáticas de Teste;
- Descarga Automática (Hanedashi);
- Uso de materiais genéricos (sensores, tubos, motores);
- Reciclar componentes antigos (usar equipamento antigo);
- Modificação de máquinas antigas;
- Incorporar princípios do SMED nos equipamentos;
- Construção de máquinas baseada nas necessidades do Gemba;
- Construção de máquinas de facil modificações ou acertos.
Autor: Ruy Cortez, Sócio-Diretor do Kaizen Institute Brasil.