Na visão de grande parte das empresas aumentar a lucratividade tem relação com aumentar a produtividade investindo em máquinas e equipamentos cada vez melhores, em outras palavras, investir cada vez mais em recursos.
Onde poucos dão importância ou até mesmo por falta de conhecimento, é que tão importante quanto uma máquina produtiva é a eficiência no fluxo de produção.
Possuir um processo coeso, equilibrado, com agregação de valor ao produto, sem estoques intermediários, com um Lead Time curto se tornam prioridade na busca pela eficiência de fluxo.
Imagem 1 - Gráfico de Eficiência x Fluxo - Fonte: Kaizen Institute Brasil
O gráfico acima do Kaizen Institute Brasil apresenta 4 possíveis estados operacionais em que as empresas podem se encontrar, a seta mostra o caminho a ser percorrido em busca do Estado Perfeito.
Nele é explicado que devemos buscar as duas coisas: a eficiência de recursos e a eficiência de fluxo devem caminhar juntos, entretanto, mostra que devemos priorizar a eficiência de fluxo primeiro (foco no cliente) e depois de sua conquista seguir para a busca da eficiência dos recursos.
Sempre devemos começar pela eficiência de fluxo, caso contrário se investirmos em recursos primeiro, vamos investir em algo que não iremos ter o retorno esperado, vamos criar complexidade no fluxo, no sistema, criar estoques desnecessários, e ao invés de buscarmos a eficiência do sistema, aumentaremos significativamente os mudas (desperdícios).
Imagem 2 – Exemplo de parte de um VSA aplicado pelo Kaizen Institute Brasil
Podemos desenhar o fluxo com a ferramenta VSA (Value Stream Analysis), com ela mapeamos todo o processo produtivo, desde a chegada da matéria-prima, passando pelas várias fases de produção até chegar ao cliente final, coletando informações das operações e classificando atividades dos operadores como valor agregado ao produto e valor não agregado ao produto, ainda uma terceira classificação, a de valor não agregado, porém necessária.
Depois de mapeado o processo atual, os mudas e as oportunidades de KAIZEN™ são identificadas, em seguida um mapa futuro é desenhado e por fim as melhorias são aplicadas no gemba.
Por outro lado, para medir o desempenho de recursos podemos utilizar o OEE (Overall Equipment Efficiency) um indicador resultante da multiplicação de três fatores (qualidade x performance x disponibilidade).
Imagem 3 – Exemplo de Foco nos Recursos – Fonte: Kaizen Institute Brasil
Para exemplificar com situações do dia-a-dia vamos apresentar 2 cenários. Na figura acima vemos um exemplo de foco na eficiência dos recursos. O convênio de Ana fez com que ela demorasse 30 dias no total para descobrir a origem da sua dor no estômago, o atendimento nas unidades de saúde foram rápidas, de no máximo 2 horas por atendimento, porém o tempo de espera de um agendamento para outro foi demorado, chegando a dias, tendo que passar pelo Pronto Socorro, em seguida encaminhada para uma unidade Especializada, onde foi encaminhada a fazer dois exames diferentes em dois lugares diferentes e por fim retornando para a unidade especializada.
Um exemplo claro de recursos existentes bem otimizados, cada unidade de saúde a partir da unidade especializada trabalhou eficientemente bem quando foi acionado para a execução do atendimento, entretanto, não demonstrou eficiência no fluxo por trabalharem de forma independente.
Imagem 4 – Exemplo de Foco no Fluxo – Fonte: Kaizen Institute Brasil
Em outro cenário vemos o foco no fluxo, desta vez, o convênio de Sara demorou somente 4 horas para descobrir a origem da sua dor no estômago, ela foi diretamente para uma unidade de atendimento integrada que em apenas 4 horas pode realizar todos os exames e sair com o diagnóstico realizado.
Conseguimos identificar dois convênios que atuam de formas distintas, enquanto uma foca em recursos para poder proporcionar excelentes atendimentos, porém separados e em lugares distintos, a outra foca diretamente no cliente optando por proporcionar os recursos próximos um do outro em uma mesma unidade de atendimento, gerando a espera entre um exame e outro muito menor.
Podemos concluir que de nada adianta um recurso otimizado se teremos espera entre um atendimento e outro, de fato, a fluidez no processo eliminando as esperas consegue efetivamente diminuir o Lead Time.
Imagem 5 - Eficiências de Recursos x Fluxo - Fonte: Webinar AME Connect
Em um outro exemplo visualizamos dois sistemas de encanamentos com torneiras no final, enquanto a primeira apresenta um sistema com ênfase na eficiência do recurso onde temos várias capacidades diferentes, a segunda apresenta um foco na eficiência do fluxo onde temos um encanamento contínuo com os recursos nivelados. Nota-se que a vazão do segundo sistema é maior que o do primeiro mesmo o primeiro apresentando partes do sistema muito maiores e robustas.
Comparável com os processos nas empresas, com aplicação de recursos excessivos em algumas áreas ou etapas e, escassez de recursos em outros.
Para um sistema de torneiras eficiente ou para um processo eficiente em nossa empresa temos que pensar em nagareka, que significa aplicar fluidez, ou seja, aplicar fluidez no processo retirando todos os tipos de desperdícios, e no caso das torneiras, as curvas e os canos com bitolas diferentes.
O que é essencial para tomarmos a decisão se vamos investir em eficiência de fluxo ou recurso é, ter um entendimento de como os nossos processos se encontram, se já eliminamos parte significativa dos mudas, se nossos buffers estão adequadamente dimensionados a necessidade do nosso processo, se sabemos claramente em qual recurso precisamos investir e, quais são nossos gargalos no fluxo atualmente.
Se as respostas para todos esses questionamentos forem sim, é o momento de pensar em potencializar os meus recursos, se as respostas ainda forem não, é necessário continuar investindo em eficiência do fluxo.
Referências:
KAIZEN™ Business System Introduction – Kaizen Institute Brasil
TSM - Total Service Management - Kaizen Institute Brasil
TFM – Total Flow Management - Kaizen Institute Brasil
PCP Lean - Engenharia Industrial com Ênfase em Lean Manufacturing - USCS Universidades de São Caetano do Sul
Webinar - Flow Efficiency vs Resource Efficiency - The AME Connect
Henric Alsterman